A única certeza que tenho é que a vida não é certa.

Trocas e baldrocas, altos e baixos, curvas e contracurvas. Não passam de incertezas que ao virar da página ditam a nossa vida. Passos às escuras, ritmos fora do compasso, desejos abafados, sons desvirtuados e ideias fundidas. Gente sem nexo, palavras sem preço. Constantes surpresas, abraços já gastos e discursos perdidos...

Assim avança o dia, até o cair da noite. Nós apenas existimos enquanto o resto flui, sem controlo, pausas ou cantigas. Salve-se quem puder, quem for dono de palavras amigas, gestos sinceros e vidas fieis. Salve-se a transparência, a verdade e o amor, que nos une sem cobrança, ou interesse superior. Salvemos, então, tudo o que na vida vale realmente a pena ser salvo.

A vida e os seus dois caminhos...

Quanto mais desejo e apelo para que a vida encontre o seu rumo e assim faça sentido, em toda a sua plenitude, a mesma é arrastada por caminhos enlameados, rugosos e incertos.

Quanto temos de percorrer e ultrapassar para que finalmente o nosso percurso seja aceite como ele é e possamos caminhar com dignidade e justiça pela estrada da verdade, da competência e dos bons valores?

Por mais que se faça, por mais que se queira, quem não se junta a eles é sugado, arrastado e desfeito. A máxima é verdadeira, mas no entanto difícil de aceitar.

Porque é que a vida não é como nos filmes em que os vilões, no final, são sempre apanhados?

Porque é que as injustiças prevalecem e quem tem o mínimo de valores possível, ou nenhum, resiste, sobrevive e pior cresce?

Por vezes sinto que não pertenço a esta Era, caracterizada por gente despida de educação e de princípios. Esse é sem dúvida o caminho mais fácil de seguir mas por onde eu tenho a certeza que não quero ir, nem vou!